POR QUE E COMO MUDAR DE CARREIRA?

 

Por Meiry Kamia

Virar a mesa, mudar de ares, dar uma guinada na vida, fugir da mesmice, são expressões utilizadas por quem deseja mudar de carreira.  Apesar de desejável por muitas pessoas, ser bem sucedido na mudança de carreira nem sempre é um processo fácil, pois exige planejamento, autoconhecimento e muita determinação.

O desejo pela mudança de carreira pode ser despertado por questões externas ou internas ligadas ao profissional. Com relação aos aspectos externos podemos citar como exemplos:

  • Demissão, aposentadoria ou crise no setor: aposentar-se, ser demitido ou a ameaça de demissão pode fazer com que o profissional comece a pensar em retomar um antigo sonho. É o caso de um amigo que trabalhava no banco e depois de perder o emprego começou a vender pratos de massas congeladas, profissionalizou-se e abriu sua própria empresa. A demissão, nesse caso, foi positiva para ele, pois o fez sair da zona de conforto e abraçar o que realmente gostava de fazer.
  • Limitações no emprego atual: a dificuldade em exercitar e desenvolver a criatividade, autonomia, e outras habilidades dentro do emprego atual pode fazer com que o profissional comece a repensar sua carreira. Muitos profissionais se descobrem excelentes empresários quando percebem que as empresas em que trabalham são pequenas demais para eles.
  • Família versus trabalho: nascimento de filhos, mudança de residência, mudança de trabalho do cônjuge, também podem influenciar na direção da carreira do profissional. Mulheres costumam repensar a carga horária de trabalho, viagens profissionais, etc, após o nascimento dos filhos. Muitas mulheres optam em abrir suas próprias empresas para poderem ter horários mais flexíveis de trabalho e se descobrem excelentes empreendedoras.

Com relação aos fatores internos, podemos citar alguns exemplos:

  • Desilusão profissional: não é fácil encontrarmos a verdadeira vocação. Algumas pessoas fazem escolhas profissionais que são muito divergentes daquilo que realmente gostam de fazer, resultando em frustração. O grande problema é que pessoal que escolhem mal a profissão costumam ter baixo índice de autoconhecimento e podem cometer o erro de pular “de galho em galho”, de emprego em emprego, e nunca encontrarem o que desejam justamente porque não sabem o que querem.
  • Resgate do projeto de vida: alguns acontecimentos como morte de ente querido, doenças graves, acidentes, ou mesmo uma inquietação profunda, podem fazer com que o profissional reflita sobre a “finitude” da vida e sobre direção que sua vida tomou, perceba o quão distante se tornou daquilo que acredita ser a melhor forma de viver e faça mudanças em sua vida. Tais mudanças podem se manifestar em pequenos hábitos e até mesmo envolver diversas dimensões da vida.
  • Qualidade de vida: a concepção de sucesso no mundo atual vem mudando, ter sucesso hoje não é apenas ganhar dinheiro, e sim, ganhar dinheiro com saúde e dispondo de tempo para usufruir de outros aspectos que a vida tem a oferecer (família, diversão, etc). Quando o trabalho começa a ficar estressante demais a ponto de gerar doenças, os profissionais não titubeiam em pensar em outras possibilidades de atuação.

Quando o profissional é pressionado a mudar de carreira por fatores externos o risco de cometer erros aumenta, principalmente se o profissional tiver um baixo nível de autoconhecimento. É o caso de pessoas que ficam desempregadas e, para solucionarem o problema da falta de dinheiro, aceitam qualquer tipo de trabalho mesmo que o mesmo não tenha nada a ver com suas habilidades, carreira e vocação.

Já a mudança motivada por questões internas tende a ter mais sucesso porque normalmente ela remete o profissional a uma reflexão mais profunda e de longo prazo sobre a direção que deseja dar em sua vida. Essa reflexão exige uma análise entre o passado – que envolve as experiências adquiridas, erros cometidos, lições aprendidas, e o futuro – que envolve a forma como o profissional utilizará seus recursos pessoais dentro do período de tempo útil de trabalho que lhe resta. Tal reflexão reduz, em muito, erros cometidos no planejamento e tática da transição para a nova carreira, pois uma pessoa que erra na meta comprometerá a estratégia e a motivação.

Uma pergunta importante que o profissional deve saber responder com honestidade é: se ele deseja mudar porque está “em busca” de um objetivo, ou se ele apenas deseja se livrar de uma situação ruim. Pode parecer estranho, mas algumas pessoas encontram sucesso financeiro, por exemplo, por medo do fracasso, mas o faz à custa de muito sofrimento dele, da família e de sua própria saúde. Diferente do profissional que alcança o sucesso financeiro porque estava motivado pelo amor ao seu trabalho.

Há também os profissionais que se sentem culpados por pensarem em mudar porque acham que não estão sendo fiéis às suas escolhas anteriores. É o caso de empresas familiares. Filhos herdam empresas e se sentem pressionados a continuarem o sonho da família e entram em conflito com suas próprias vocações. Em casos como esses é preciso conversar para amadurecerem a ideia e iniciar movimentos de transição minimizando desgastes e conflitos.

Para alcançar o sucesso e evitar erros no processo de mudança de carreira seguem aqui algumas sugestões:

  • Reflita sem pressa: questione e observe sua necessidade de mudança, você se sente pressionado a mudar porque a situação exige ou você realmente deseja? Você sabe o que você quer? Você possui um projeto de vida? Conhece seus pontos positivos e negativos? De que forma suas habilidades já desenvolvidas serão úteis em seu novo projeto? Essa nova carreira é seu objetivo final ou apenas trampolim para alcançar o que realmente deseja? – perguntas como essas ajudam a esclarecer a motivação para a mudança, clareiam objetivos, ajudam a fazer escolhas e aprofundam o autoconhecimento. Decisões baseadas na impulsividade podem trazer consequências desastrosas a médio e longo prazo.
  • Conheça a nova profissão: pesquise, tente conversar com profissionais que já trabalham na área em que deseja atuar. Uma coisa é observar a profissão dos outros com os olhos de um leigo, outra coisa é ser profissional. Existem diversos detalhes importantes que apenas um profissional da área poderá esclarecer, principalmente, as dificuldades do mercado. Todas as dificuldades deverão ser levadas em consideração e você deve se questionar se é capaz de suportar os momentos difíceis da profissão.
  • Pese na balança: toda mudança envolve custos. Faça um breve levantamento sobre os recursos materiais (ex.: cursos, certificados, material, etc) e não materiais (ex.: tempo e energia) que serão investidos nessa nova carreira. Pese tudo na balança do seu coração. Isso o ajudará a perceber se o que você busca é realmente um “chamado” de sua alma e que todo esforço valerá a pena.
  • Prepare o terreno: o melhor dos mundos seria a possibilidade de preparar o terreno antes da mudança total. Se você já tem um emprego, mas deseja mudar, o ideal é permanecer no emprego atual e, em paralelo, iniciar ações para o novo empreendimento ou carreira. É como se você tivesse dois barquinhos: ter um emprego é como estar em um barquinho que já anda numa certa velocidade. Se você pular para outro barco que está parado, a tendência é você cair. Portanto, o melhor a fazer é conseguir que o segundo barquinho ganhe um mínimo de velocidade para que você possa saltar sem cair – e você fará isso nas horas vagas, pesquisando, aperfeiçoando seus conhecimentos, trabalhando em paralelo, até que você consiga fazer a transição por completo e remar o segundo barquinho com foco e afinco.
  • Construa nova rede social: a rede social é um dos patrimônios mais importantes que uma pessoa pode ter. Ninguém cresce sozinho. Uma nova carreira exige uma nova rede de amigos e parceiros de trabalho, e isso significa arrumar um tempinho na agenda para estabelecer e aprofundar esses novos laços de amizade, trocar ideias, experiências, etc.
  • Trabalhe a nova identidade profissional: toda profissão tem uma imagem a zelar, e isso engloba não só a aparência como também o comportamento. Por exemplo, se você é funcionário e deseja abrir o próprio negócio, terá que começar a pensar e agir como um empresário. A coerência entre o papel profissional e a conduta é um fator importante para a credibilidade. Portanto, nada de falar mal do trabalho, fazer-se de vítima, etc., o que se espera de um empreendedor é uma postura otimista, responsável, proativa, que não faz tempestade em copo d´água e que é capaz de enxergar oportunidades e não problemas.

MEIRY KAMIA – Palestrante, Psicóloga, Mestre em Administração de Empresas, Consultora Organizacional, Graduanda em Teologia. Autora do livro “Motivação Sem Truques”. Também é ilusionista, premiada como melhor mágica feminina da América Latina, pela Federação Latino-Americana de Sociedades Mágicas. Desenvolve palestras motivacionais e treinamentos diferenciados, aliando Arte Mágica, Teatro e Psicologia. Site: www.meirykamia.com; contatos: 11-2359-6553; contato@meirykamia.com

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